Sabe quando a vida está uma droga e não sabemos que rumo tomar? Sinto-me assim, totalmente perdida, e essa sensação é constante em mim. E não é de hoje. Passo o dia me perguntando o que fazer, se fiz e faço as escolhas certas. Os caminhos estão aí, prontos para serem escolhidos, mas fico nessa inércia interminável. O tempo parou. O relógio não se move mais. E, quando penso que consegui resolver uma dúvida ou um problema, outros aparecem para emperrar meus passos, que já enferrujaram de tanto esperar. Pior que isso, continuo a descontar minha insatisfação em todos ao redor: namorado, mãe e os poucos amigos que restam. Parece que nada me faz bem, que sempre falta algo e que essas pessoas, agredidas pelo meu humor oscilante, não me satisfazem como eu gostaria. Mas, a pergunta que fica é a seguinte: o que realmente gostaria de receber delas? Não tenho essa resposta, como também fico devendo para as outras questões que assombram meu dia a dia.
Faço planos, para logo em seguida descartá-los, como se essa “eterna tentativa de novidade” fosse o refúgio do nada que me acomete. Afinal, quem não fica feliz quando planeja coisas para o futuro? Viagens, cursos, compras a longo prazo. Infelizmente, essa sensação de novidade acaba quando percebo que tudo isso está longe de se realizar. Perco a fé imediatamente, como se não fosse capaz de conquistar nada do que almejo. Tudo é tão difícil, demorado e, dentro da minha realidade, muito solitário.
Já pensei em largar o curso de japonês, em fazer pós-graduação, aula de jazz e de teclado; em começar a academia e fazer caminhada; em guardar dinheiro para o intercâmbio no Japão e, recentemente, pensei em mudar o foco para a Austrália (…); em morar sozinha ou dividir com alguém (algo que nunca saiu da teoria). Ah, quantos planos e pouca força de vontade para realizá-los. Em mim, há muitos sonhos, mas pouca coragem para buscá-los. Uso o poder da fala e da escrita para expressar minha insatisfação, que não é de hoje, e aproveito esse espaço para reclamar do fundo do meu coração essa dor que me persegue. Grito para o mundo que não me sinto bem, mas nada nem ninguém mudará alguma coisa. O problema está aqui, lá no cantinho do meu coração, e se eu não agir logo, essa inércia será parte definitiva de mim.
Socorro! Não quero isso! Mas também não sei por onde começar, o que fazer e quais caminhos seguir. Talvez eu precise de orientação psicológica ou umas biritas loucas pra desestressar (sou tão chata e careta que nem bebida alcoólica gosto). Vai ver tô precisando de umas companhias mais hard. A maioria dos meus amigos, os pouquíssimos que tenho, andam muito na linha, se é que me entendem.
A vida tá passando e estou apenas passando por ela. Que sensação horrível essa, de ser mais uma nesse planeta. Que diferença faz se eu desapareço hoje ou amanhã? Claro, minha família (mãe), meu namorado (coitado, tem uma paciência incompreensível para me suportar…) e alguns amigos sentirão algo, mas, mesmo assim, não me sinto parte de nada. Muito pelo contrário. Sinto que não me adapto a nada, que nada me faz bem ou feliz. Essa gente efusiva, barulhenta, cínica e duas caras. Tudo por aqui me deixa com ainda mais vontade de querer sair daqui. Aprendi a odiar São Paulo e tudo o que essa cidade atraí pra si. Em cada esquina, só enxergo sujeira, odor do Rio Pinheiros e Tietê e gente, gente demais, em grande parte sem personalidade ou opinião. Fugir daqui seria uma opção? Não sei. Creio que o problema maior esteja em mim. A cidade só ajuda a intensificá-lo.
É… quem disse que a vida é fácil? Muitos acreditam em sua simplicidade. De fato, ela é bem simples quando estamos viajando com amigos, na praia ou nas montanhas. Quando caímos em si, percebemos que a tranquilidade ficou pra trás, que tudo aquilo fora momentâneo, como tudo na vida, inclusive a própria felicidade, que é feita de pequenos momentos que levamos durante a vida toda.